Pregação

3 razões para dar um resumo do evangelho em todo sermão

Por Timothy Raymond

Timothy Raymond é editor da Credo Magazine e é pastor da Trinity Baptist Church em Muncie, Indiana desde abril de 2006.
Artigo
03.03.2019

Entre os evangélicos conservadores, há um debate longo e amigável sobre se cada sermão deve ou não incluir um resumo sucinto da mensagem do evangelho. Com isso, não estou falando do uso de uma hermenêutica centrada no evangelho que conecta cada passagem da Escritura à pessoa e obra de Jesus, digo, a abordagem à interpretação bíblica ensinada por Graeme Goldsworthy ou Edmund Clowney.

Em vez disso, estou falando sobre inserir, em algum lugar em seu sermão (espero que de uma forma natural que se vincule ao restante da mensagem), uma breve explicação sobre as principais verdades sobre quem Jesus é e o que ele fez (em talvez 2 a 6 minutos), juntamente com uma exortação para que os ouvintes se arrependam e creiam. Embora essa abordagem reconhecidamente não seja seguida por todos os pregadores evangélicos conservadores, talvez o mais conhecido defensor e modelo da inclusão de um resumo do evangelho em (quase) todos os sermões seja Mark Dever, pastor da Igreja Batista Capitol Hill, em Washington, DC. Para um maravilhoso exemplo do que estou falando, considere este sermão proferido pelo pastor Dever em uma capela do Seminário do Sul (o resumo do evangelho começa em 14min04s).

Fui persuadido da sabedoria dessa abordagem há cerca de quinze anos. Depois de segui-la fielmente por mais de uma década, posso ver muitos benefícios de incluir um resumo sucinto do evangelho em quase todos os sermões. Aqui estão três razões pelas quais você também deve adotar essa abordagem:

1. Ao incluir regularmente um resumo do evangelho, você evangelizará os não-cristãos em sua congregação.

Uma das coisas mais surpreendentes que descobri desde o início como pastor é como muitos não-cristãos frequentam fielmente as igrejas evangélicas. Não estou falando principalmente sobre “evangélicos hipócritas”, aqueles que afirmam ser cristãos, mas não dão nenhuma evidência real de terem nascido de novo, embora haja certamente muitos destes em nossas igrejas. Estou falando sobre pessoas que não professam ser cristãos, mas vêm à igreja porque, digamos, seu cônjuge os leva, ou porque seus pais exigem que eles a frequentem, ou simplesmente porque eles não têm nada melhor para fazerem nas manhãs de domingo.

A maioria das igrejas, especialmente na América, tem uma porcentagem surpreendentemente alta dessas pessoas. O que essas pessoas mais desesperadamente precisam, senão de serem confrontadas com as reivindicações de Jesus e com o chamado a se arrependerem e crerem? Recentemente, batizei um jovem que começou a frequentar nossa igreja simplesmente porque ele gostava de uma moça de nossa congregação. Mas todas as semanas ele ouvia um resumo conciso das boas novas. Depois de cerca de seis meses disso, o evangelho quebrantou e abriu o seu coração e ele nasceu de novo sinceramente. Esse é o benefício potencial de incluir regularmente um resumo do evangelho em seus sermões.

2. Ao incluir regularmente um resumo do evangelho, você está treinando cristãos para explicarem o evangelho aos seus amigos não-cristãos.

Eu descobri este benefício acidentalmente após ter seguido esta abordagem por alguns anos. Em conversas informais, ouvi outros na minha congregação começarem a explicar o evangelho e percebi que eles estavam usando terminologia, fraseologia e lógica quase idênticas às que usei em meus sermões semanais. Eventualmente, percebi que eles não estavam tentando me impressionar ou me imitar; eles estavam simplesmente explicando o evangelho como eu os havia treinado a fazê-lo.

Estaria disposto a apostar que se você escolhesse um dos fiéis membros da minha igreja ao acaso e depois pedisse que ele resumisse o evangelho, ele diria algo bem semelhante ao resumo que tenho proclamado por anos. Embora concebivelmente isso poderia levar à repetição automática e insensível, na minha experiência isso levou muito mais comumente à clareza e precisão no compartilhamento do evangelho, qualidades que muitos cristãos não têm. Desde que tenho incluído um resumo do evangelho em quase todos os sermões que tenho pregado, meu povo está capacitado para comunicá-lo aos seus filhos, amigos e colegas de trabalho.

3. Ao incluir regularmente um resumo do evangelho, você comunica, por meio da ênfase, o que é de importância fundamental.

Don Carson disse com sabedoria: “Se aprendi alguma coisa em 35 ou 40 anos de ensino, é que os alunos não aprendem tudo o que eu ensino. O que eles aprendem é aquilo pelo que sou entusiasmado, os tipos de coisas que enfatizo repetidamente”. Se isso é verdade, e minha experiência definitivamente o confirmou, então é melhor eu ser muito cuidadoso e intencional sobre essas coisas que eu enfatizo em minha pregação e ensino.

Se, por exemplo, intencionalmente ou não, enfatizo a política secular, minha igreja terá uma visão da vida cristã centrada na política. O mesmo acontecerá se eu enfatizar o ecumenismo ou o ambientalismo, o misticismo ou o separatismo. Minha igreja não se lembrará de tudo o que eu digo, mas se lembrará do que eu falo repetidamente.

Portanto, como pregadores cristãos, sejamos cuidadosos e intencionais ao enfatizar o que é “antes de tudo… que Cristo morreu pelos nossos pecados” (1 Coríntios 15.3). Vamos nos comprometer a “nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Coríntios 2.2). E em nossa pregação, nunca nos gloriemos em nada, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo (Gálatas 6.14).

Na minha cidade, muitas igrejas diferentes são conhecidas por muitas coisas diferentes. Há a igreja separatista, a igreja política, a igreja do entretenimento, a igreja “legal”. Pela graça de Deus, somos conhecidos como a igreja que proclama o evangelho. E isso é devido, em grande parte, ao meu compromisso de incluir um resumo do evangelho em quase todos os sermões que prego.

Agora, não me interpretem mal. Não estou dizendo que há alguma lei divina não escrita que exige que os pregadores cristãos sempre façam isso. A maioria dos sermões que tiveram o maior impacto na minha vida não incluía tal resumo. Ao mesmo tempo, a tentação do ritualismo automático, tanto para o pregador quanto para o ouvinte, existe e pode ser forte. No entanto, eu ainda argumento em favor da sabedoria, poder, beleza e eficácia dessa abordagem.

Se você ainda não está convencido, talvez apenas tente incluir um breve resumo do evangelho uma vez por mês. Estaria disposto a apostar que, com o tempo, você começará a ver os frutos que eu mencionei acima. Nesse ponto, você pode começar a incluir um resumo do evangelho em cada sermão — e eu imagino que você nunca retrocederá.

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Nota do editor: Este artigo foi publicado originalmente no site de Credo Magazine.

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