Pregação

4 razões pelas quais você deve pregar Êxodo

Notícias do 9Marks
18.02.2020

Meu objetivo neste artigo é convencê-lo a pregar através de todo o livro de Êxodo. Aparentemente, haverá cerca de 60 outros artigos nesta série, cada um defendendo um outro livro bíblico. Então pessoal, isso é um ganha-ganha. Não há um carro ruim no estacionamento. Dito isto, Êxodo é o que este artigo está vendendo.

Aqui está a minha melhor tentativa de resumir esse livro em uma frase: Êxodo proclama o grande ato de Deus de libertar seu povo da escravidão, presenteá-lo com sua lei e convidá-lo a uma íntima comunhão consigo mesmo. Resgate, missão, comunhão. Egito, Sinai, tabernáculo (Êx 1–18; 19–24; 25–40).

Quatro razões para pregar através de Êxodo

Quero lhe oferecer quatro razões para pregar através de Êxodo. Antes, porém, uma breve ressalva: até agora eu só preguei até o capítulo 13, aproximadamente o primeiro terço do livro. Portanto, minhas razões se inclinam para a parte inicial do livro.

1. Êxodo proclama o nome de Deus

Primeiro, Êxodo proclama o nome de Deus. Veja especialmente Êxodo 3.14-15; 6.2-8; e 34. 6-7. Em Êxodo 3.14-15, Deus revela a Moisés seu nome próprio e pessoal, YHWH. Os israelitas já sabiam esse nome, mas ainda não sabiam o que isso significava. Eles ainda não sabiam a história que esse nome contaria. Mas quando Deus os redimiu, eles souberam:

“Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento. Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito” (6.6-7).

Êxodo é uma das fontes mais profundas da doutrina de Deus em toda a Escritura. O Deus que Êxodo proclama é totalmente santo (3.5), autossuficiente e suficiente para salvar (3.14), perfeitamente fiel (6.4), severo na justiça (10. 2) e abundante em compaixão (34.6-7).

Pregue em Êxodo e coloque seu povo frente a frente com seu Deus incomparável e inesgotável.

2. Êxodo gira em torno das promessas de Deus

Segundo, Êxodo gira em trono das promessas de Deus. Mesmo quando Êxodo começa, com Israel peregrinando no Egito, Deus está cumprindo suas promessas (1. 1-7). Seu povo foi fecundo e se multiplicou; ele fez de Abraão uma grande nação. E o restante de Êxodo é um grande registro de Deus cumprindo promessa após promessa (por exemplo, 2.23-25; 3.7-10; 3.12; 6. 4;12. 40-41; 13.19).

Um dos desafios centrais da vida cristã é a luta para confiar nas promessas de Deus. Poucas coisas fortalecem e sustentam nossa fé como ver o “farei” de Deus se tornar “eu fiz”.

3. Êxodo proclama que a verdadeira liberdade é encontrada na submissão voluntária a Deus

Uma das mentiras mais devastadoras e profundamente enraizadas em nossa cultura é que “libertar-se” é suficiente. Nós apreciamos a liberdade da tradição, da restrição, das leis, dos limites, das obrigações, da natureza. Mas a verdadeira liberdade sempre exige “liberdade para”. Somos criaturas com um propósito, um fim intrínseco. A verdadeira liberdade só é encontrada na submissão voluntária a Deus.

Deus não libertou Israel da escravidão de Faraó, para que eles pudessem inventar suas próprias identidades e projetar seus próprios estilos de vida. Não, ele os libertou para que se tornassem dele. O êxodo foi uma transferência de propriedade, de um mestre para outro. E somente no serviço total a Deus podemos encontrar perfeita liberdade. Como Alastair Roberts e Andrew Wilson publicaram em seu excelente livro Echoes of Exodus, “Os que servem a Faraó se tornam bestas e perecem. Os que servem ao Senhor tornam-se sacerdotes e florescem” (147).

Na gramática do êxodo, “Deixa ir o meu povo”! Não é uma frase completa. Essa frase quase sempre é concluída com: “para que me sirvam” (7.16; 8.1; 8.30; 9.1; 9.13 etc.).

Expor as promessas vazias de “liberdade de” e exultar na “liberdade para”, que encontramos ao servir a Deus, é uma das tarefas mais urgentes, cruciais e vivificantes que a igreja atualmente enfrenta. Portanto, pregue em Êxodo e mostre ao seu povo que somos resgatados da escravidão do pecado, para adoração (Êx 14.1–15.21), confiança (15.22–18 27), santidade (19.1–20.21), justiça (20.22–24.18) e habitar com Deus (25–31). Por que sim, esses são alguns dos meus próximos sermões, como você descobriu?

4. O livro de Êxodo é o evento definitivo de salvação do Antigo Testamento e uma chave crucial para toda a Bíblia

Honestamente, creio que esse motivo seja, provavelmente, o motivo pelo qual um número desproporcional de vocês, queridos pregadores-leitores, já tenha pregado através de Êxodo. Mas se você não pregou, vá em frente. O êxodo é o paradigma definitivo de redenção em todo o Antigo Testamento. Eventos posteriores – como a entrada e a conquista da terra – a recapitulam. Os Salmos celebram e refletem sobre isso. Os profetas preveem um novo êxodo padronizado após ele (por exemplo, Is 40.1-11). Termos cruciais do Novo Testamento como “redenção” derivam do Êxodo, quando Deus resgatou seu povo ao custo precisamente calculado de um cordeiro por família (Êx 12.1-13).

Todo o plano de salvação de Deus é moldado no êxodo. Toda a Escritura é moldada no êxodo. Portanto, se você quiser oportunidades praticamente infinitas em cada sermão para ajudar seu povo a entender a Bíblia como uma unidade completa, pregue através de Êxodo.

Como?

Mas você pode estar pensando: “Como”? Se você nunca pregou através de um grande livro do Antigo Testamento como Êxodo antes, pode parecer assustador. Suas opções parecem ser seções incontrolavelmente grandes de texto ou uma série incontrolavelmente longa. Tenho certeza de que o que planejei pode ser melhorado, mas eis como tentei dividir essa desigualdade, com onze sermões em todo o livro. Parece estar funcionando até agora:

  1. 1–2
  2. 3–4
  3. 5.1–7.7
  4. 7.8–13.22
  5. 14.1–15.21
  6. 15.22–18.27
  7. 19–20
  8. 21–24
  9. 25–31
  10. 32–34
  11. 35–40

Alguns deles podem ainda ser facilmente divididos, em qualquer parte do texto, em vários sermões – eu deixo isso para você. Porém, espero que você inclua, e em breve, o livro de Êxodo em sua programação de pregações.

Comentários e outros recursos

  • De longe, o comentário mais útil e pastoral que encontrei sobre Êxodo, é o volume de 2005 de Alec Motyer na série Bible Speaks Today. Essa é uma maneira de “se salvar” até que você faça seu próprio trabalho, ou ficará tentado a deixar Motyer fazer tudo por você.
  • John Currid’s two-volume Evangelical Press commentary é exegético e oferece uma análise perspicaz dos costumes e divindades egípcios que não são tratados no texto bíblico.
  • novo volume Apollos de Desmond Alexander é tão robusto que eu o consultei apenas para obter detalhes, mas geralmente é útil.
  • Douglas Stuart’s NAC commentary é detalhado e vale a pena; frequentemente tem uma análise útil da estrutura literária.
  • Peter Enns escreveu seu NIVAC commentary antes de “chegar ao fundo do poço”; cá entre nós, é realmente um dos melhores, tanto exegeticamente quanto para conectar os pontos ao restante das Escrituras e ao mundo moderno.
  • Se você gostaria de ampliar um pouco mais sua leitura, o Terence Fretheim’s concise Interpretation é frequentemente penetrante, unindo corretamente a ironia e o drama narrativo (embora ele se mostre confuso, em sua aproximação do “teísmo aberto”).
  • Se você conhece hebraico, o trabalho do estudioso judeu Umberto Cassuto tem uma alta concentração de pepitas exegéticas.
  • Além disso, em caso de dúvida, consulte Calvino! Veja sua Harmony of Exodus, Leviticus, Numbers, and Deuteronomy. O “insight” espiritual de Calvino geralmente supera todos os comentaristas modernos combinados.

Dois livros sobre o Pentateuco que eu achei úteis são: primeiro, o The Five Books of Moses do estudioso literário judeu Robert Alter. Ele oferece uma tradução pura e vívida de todo o Pentateuco, acrescentando breves comentários. E segundo, The Pentateuch as Narrative, de John Sailhamer, incluindo comentários compactos com um estilo de visão geral de todo o êxodo, que geralmente oferecem informações mais amplas.

Em termos de outros recursos sobre Êxodo, as maiores honras da categoria vão para o novo livro de Andrew Wilson e Alastair Roberts, Echoes of Exodus. O livro faz, não apenas Êxodo, mas toda a Bíblia, ganhar vida de uma nova maneira. Dig Even Deeper, de Andrew Sach e Richard Aldridge, apesar de seu título lamentavelmente equivocado, é na verdade um comentário expositivo compacto sobre Êxodo, que é frequentemente perspicaz. E, finalmente, How to Read Exodus de Tremper Longman é útil para obter uma visão geral antes de você mergulhar mais fundo.

Tradução: Paulo Reiss Junior.
Revisão: Filipe Castelo Branco.

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